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quarta-feira, 18 de junho de 2014

"A praça do Boi" - Rui Barbosa





Araçatuba nunca deixará de ser a Capital do Boi Gordo.

Os primeiros raios de sol nem bem refletiam as ruas de terra batida e alguns senhores já estacionavam suas novíssimas picapes Ford anos 50, ao redor da praça Rui Barbosa, região central de Araçatuba (SP). Alguns iam a cavalo. Nas vielas que circundam o coreto da pracinha, o cheiro do cigarro de palha dominava o ambiente e indicava que grandes negociações seriam feitas. Tião Maia, Torres Homem, Dico, Donald, Alfredo e muitos outros eram figuras carimbadas naquelas reuniões informais e estavam ali para negociar bois e fixar o valor da arroba no mercado, tudo anotado a lápis em cadernetas ou acertado só no boca a boca, na maior confiança.


Por isso, apelidaram o local de "Praça do Boi". A cada semana, mais senhores igualmente trajados com paletó e chapéu chegavam ao local para comprar ou vender boi. A fartura era tanta que os amigos resolveram juntar todo o gado dos seus pastos e criaram o Concurso do Boi Gordo. Trataram de espalhar a notícia para os parentes, principalmente os de Uberaba, que se gabavam de ter o melhor rebanho. Assim, e com o maior número de animais do Brasil, Araçatuba tornou- se a "Capital do Boi Gordo". Tanta pompa, porém, ficou perdida no tempo. Araçatuba hoje é mais canavieira do que pecuária. Praça e boi foram apartados pelo furacão chamado etanol, mas, se depender de alguns pecuaristas, isso ainda será revertido.

Com o mito criado e personagens que continuam perpetuando a história da pecuária, Araçatuba vem sofrendo profundas mudanças nos últimos 20 anos, a começar pela perda de quase 2 milhões de hectares de pastos, que pertencem ao município de Santo Antônio do Aracanguá, emancipado em 1991. "Para se ter uma ideia, Santo Antônio do Aracanguá tem a 14ª maior área do Estado de São Paulo", conta Alfredo Ferreira Neves Filho, o Alfredinho, pecuarista araçatubense.



Mito: Torres Homem Rodrigues da Cunha aprendeu com o pai, Vicente, a negociar gado na Praça do Boi de Araçatuba.

"Em décadas passadas, toda esta área era de Araçatuba e guardava o rebanho mais valioso do País." Alfredinho é um articulador do meio rural e aprendeu, a duras penas, conter a emoção ao trazer à tona suas memórias. Otimista, sempre tenta encarar as mudanças econômicas da cidade com bons olhos e tentando ver o lado positivo do negócio. "A cana chegou e mudou o perfil de Araçatuba e de toda a região, mas, por outro lado, esta nova cultura econômica trouxe mais dinheiro para a cidade. Muitos pecuaristas arrendaram suas terras, mas ninguém deixou de ser pecuarista por causa disso", justifica. "O que aconteceu é que levamos o gado para outros Estados e arrendamos nossos pastos daqui para fazer dinheiro." Com a rentabilidade da cana, Alfredinho aumentou 30% do seu rebanho em sua fazenda localizada em Mato Grosso do Sul. "Mas uma coisa é certa: Araçatuba nunca deixará de ter sua importância como a Capital do Boi Gordo.



Nova geração: José Carlos Prata Cunha dará continuidade ao legado deixado pelo pai, Torres, e o avô
Esta importância ganha notoriedade principalmente no mês de julho, com a realização da Exposição Agropecuária de Araçatuba, a Expô. Donald Wilfred Strang, o criador do evento, dá nome a uma das principais ruas do recinto. O nelore ainda predomina. "Estamos conseguindo resgatar muito da cultura pecuária nos últimos anos. Araçatuba é uma das mais importantes cidades do setor e vai continuar sendo", diz José Carlos Prata Cunha, filho de Torres Homem, falecido no ano passado. 

(http://revistadinheirorural.terra.com.br/secao/agroeconomia/o-resgate-da-terra-do-boi)

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